6º Domingo da Páscoa – Ano A
Evangelho segundo S. João 14,15-21.
«Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos,
e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco,
o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós.»
«Não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós!
Ainda um pouco e o mundo já não me verá; vós é que me vereis, pois Eu vivo e vós também haveis de viver.
Nesse dia, compreendereis que Eu estou no meu Pai, e vós em mim, e Eu em vós.
Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é que me tem amor; e quem me tiver amor será amado por meu Pai, e Eu o amarei e hei-de manifestar-me a ele».
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho
«Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco»
Da mesma maneira que Jesus Cristo pregava, prega agora o Espírito Santo; da mesma maneira que Ele ensinava, ensina o Espírito Santo; da mesma maneira que Cristo consolava, consola e alegra o Espírito Santo. Que pedes? Que procuras? Que mais queres tu? Ter em ti um conselheiro, um pedagogo, um guardião, alguém que te guia, que te aconselha, que te encoraja, que te encaminha, que te acompanha em tudo! Finalmente, se não perderes a graça, Ele estará de tal modo a teu lado que não poderás fazer, nem dizer, nem pensar em nada que não passe primeiro pela Sua mão e pelo Seu santo conselho. Será para ti um amigo fiel e verdadeiro; não te abandonará se tu não O abandonares.
Da mesma maneira que Cristo, durante a Sua vida mortal, fazia grandes curas e espalhava a Sua misericórdia nos corpos daqueles que tinham necessidade d'Ele e O chamavam, assim este Mestre e Consolador opera obras espirituais, nas almas em que habita. Cura os coxos, faz com que os surdos oiçam, dá vista aos cegos, traz de regresso os transviados, ensina os ignorantes, consola os aflitos, encoraja os fracos (cf Mt 15,31). Cristo fazia estas obras santíssimas entre os homens e não podia tê-las feito se não fosse Deus; fazia-as com a natureza humana que tinha assumido e dizemos, portanto, que foram feitas por um Deus-homem. Do mesmo modo, a essas outras obras que o Espírito Santo faz aqui na terra, no coração em que habita, chamamos-lhes obras do Espírito Santo através do homem, aqui considerado como elemento secundário.
Não poderemos considerar como infeliz e desafortunado aquele que não possui essa união, aquele que não tem um tal Hóspede em sua casa? Dizei-me, já O recebestes? Já O chamastes? Já O importunastes para que Ele venha? Que Deus esteja connosco! Não sei como podeis viver privados de tão grande bem. Vede todos os bens, todas as graças e misericórdias que Cristo veio fazer aos homens: esse Consolador derrama-as a todas nas nossas almas.
Neste dia em que fazemos memória do nosso protector, a Igreja termina assim o hino e oração da manhã: "Salvai por vosso filho a nós, no amor; ungidos sejamos pelos anjos; por Deus trino, protegidos!"
A palavra anjo significa, "enviado, mensageiro divino", muitas vezes encontramos as manifestações dos anjos como missionários de Deus, e por isso, com clareza lemos no salmo 91: "Pois Ele encarregará seus anjos de guardar-te em todos os teus caminhos".
Quando nos deparamos com a Anunciação e outros Mistérios da vida de Jesus, conseguimos perceber que este salmo profetiza a presença dos anjos na vida do Senhor. Ora, Cristo é o primogênito de todas as criaturas, nosso irmão e modelo. Se portanto sua humanidade, apesar de unida com a Divindade, era continuamente protegida por anjos, logo quanto mais devemos ser nós, seus membros tão frágeis. Tanto o Pai quer isto que revelou a Jesus : "Guardai-vos de desprezar algum desses pequeninos, pois eu vos digo, nos céus os seus anjos se mantêm sem cessar na presença do meu Pai que está nos céus." (Mt 18,10)
Nos Actos dos Apóstolos e nos escritos de São Bernardo, Santo Tomás de Aquino e outros Doutores da Igreja, encontramos testemunhos que nos motivam a confiarmos nos Santos Anjos protetores de cada um, pois atesta a Sagrada Escritura: "Não são todos (os anjos) eles espíritos cumpridores de funções e enviados a serviço, em proveito daqueles que devem receber a salvação como herança?" (Hb 1,14)
Na Inglaterra desde o ano 800 acontecia uma festa dedicada aos Anjos da Guarda e a partir do ano 1111 surgiu uma linda oração (apresentada a seguir). Da Inglaterra esta festa se estendeu de maneira universal depois do ano 1608 por iniciativa do Sumo Pontífice da época. Aprendamos e rezemos esta quase milenar prece: "Anjo do Senhor - que por ordem da piedosa providência Divina, sois meu guardião - guardai-me neste dia (tarde ou noite); iluminai meu entendimento; dirigi meus afectos; governai meus sentimentos para que eu jamais ofenda ao Deus e Senhor. Amém."
Santos Anjos da Guarda...rogai por nós
A verdadeira linguagem
é a linguagem do coração.
É a linguagem onde a gentileza abre caminhos, aonde a alegria conduz, onde a luz protege,
onde o amor abençoa.
A tua verdadeira linguagem é aquela que, quando proferida, o mundo silencia e ouve atento, pois não és tu quem fala,
e sim o amor através de ti.
A tua verdadeira linguagem é serena,
porque o amor é sereno.
A tua verdadeira linguagem é precisa,
porque assim é o teu espírito.
A tua verdadeira linguagem é amorosa,
porque do amor foste criado.
Quando falas com o coração, muito podes dar, muito podes ensinar.
A palavra amorosa traz consigo
a cura para todos os males,
o perdão para toda culpa, o amor para todo ódio e a luz para toda escuridão.
Sê honesto com teus sentimentos
e cuida das tuas palavras.
Não te esqueças de que enquanto falas,
o outro ouve...
Não causes ferimentos ao coração daquele que tanto necessita crescer.
Quando falas com o coração o amor entra agradecido em teu ser, grato por ser um contigo, grato por, através de ti,
poder estender-se a tantos outros que,
como tu, necessitam de luz e compaixão.