Quando nos preparamos, para receber um hóspede estimado em nossa casa , organizamos tudo que é possível e da melhor maneira, de modo a oferecer-lhe todo o conforto e bem estar. Por isso, limpamos e aromatizamos o nosso lar; fazemos arranjos florais, com flores risonhas; fazemos silêncio para não perturbar o seu repouso, não permitindo o alvoroço ao redor, através de observações cuidadosas.
Desdobramo-nos nas atenções devidas aos alimentos a servir; substitui-se as expressões do seu vocabulário trivial por outras mais polidas e agradáveis; não há gritos, nem semblantes carregados.
Tudo se torna envolvimento carinhoso para que o seu hóspede esteja á vontade em seu lar.
* * *
Irmão – amigo, há um Hóspede ansioso por penetrar-lhe a casa interna, para levar-lhe a felicidade.
Há alguém que tem caminhado de um para o outro lado, nas calçadas de sua vivenda emocional,
diariamente, insinuando-se para que você tome a iniciativa de convidá-lo.
Com certeza, Ele conhece o seu íntimo atormentado, os sentimentos feridos, a alegria ansiosamente procurada, a saúde esperada, as esperanças acalentadas... Ele há de ter-lhe seguido nos corredores da solidão, enquanto vive a sua vida com o coração atormentado. Quem sabe, ainda hoje, O possa convidar?
Inicie a higienização das peças interiores de sua alma, coloque perfume em sua casa íntima, envolva cada compartimento interno com o necessário silêncio para que ele se faça o mais suave Hóspede da sua vida, dela jamais, então, se apartando.
De quem se trata? Por ventura ainda não se apercebeu que lhe estou falando de Jesus?
Convide-O, pois, sem mais demora, e Hospede-O em sua casa para sempre!
Um dia numa linda manhã cheguei a um local fantástico. Tudo aquilo que via era diferente do que já conhecia. As "pessoas", não sei se as posso chamar assim, eram muito estranhas e engraçadas, algumas até de várias cores. Viviam numas "casas" sem porta e as janelas abriam para baixo e para o lado. Os telhados eram redondos com muitas coisas que pareciam pedras e relva. As árvores cresciam nas paredes e davam bons frutos e saborosos. Havia sempre luz de três sóis coloridos.
As ruas eram todas inclinadas e ao andar parecia que os pés não tocavam o chão de tão leve que parecia.
As pessoas falavam mas não era nada conhecido, parecia água a correr entre pedras soltas. No meio de tanta novidade e diversidade qualquer um passava despercebido, mas ainda eu não me tinha apercebido de tudo, quando ao longe alguém que parecia uma criança sorrindo-me acenou. Aproximámo-nos e ele cumprimentou-me como se já me conhecesse e não me visse há muito tempo. Fez-me sinal para seguir com ele e lá fui.
Vi muita coisa bonita e aprendi bastante, embora ele soubesse que eu não percebia a língua, conseguiu explicar de diversos modos, e de forma tão clara que eu entendia.
Ele conhecia todos os que encontrávamos e parecia gostar de todos do mesmo modo. Chegámos a um local onde havia muitos que o não conheciam pois ou afastavam-se ou gritavam-lhe de longe com medo, ou então ficavam parados a ouvir. Não sei o que lhes dizia mas o som que fazia era muito bonito e encantador até parecia que tinha vida e tocava como chuva miudinha. Havia uns que se aproximavam e deixavam-se tocar, mas outros ignoravam-no.
Isto acontecia muitas vezes, quase sempre que passávamos de uma povoação para outra.
Um dia, depois de caminharmos bastante, chegámos a um local onde as pessoas conversavam na rua, cumprimentámo-las mas nem nos ligaram. Fazia muito calor e ali ao lado havia uma espécie de lugar onde havia entre outras, bebidas. Até sabia bem,..., mas assim que ele ia entrar, essas mesmas pessoas começaram a falar de um modo que me apercebi de que aquele sítio deveria ser muito perigoso... ele entrou, e eu fiquei um pouco na dúvida, mas, pensando melhor, entrei também; afinal onde ele puder entrar eu também posso!
Havia muita confusão, barulho, e umas coisas estranhas a andarem no meio do chão. Acho que fui bem acolhido, vieram-me buscar, davam-me umas coisas para por nas costas das mãos, e falavam muito alto, cumprimentavam-me e trocavam entre eles comentários. Depois andavam aos encontrões e eu lá no meio de um lado para o outro, também com um pouco de medo daquelas coisas que andavam lá pelo chão. Tentava perceber o que estava acontecer, já sem saber o que fazer propriamente, quando uma mão conhecida me tirou dali, e ao mesmo tempo aquilo que me tinham colocado nas costas das mãos saltou e fugiu pelo chão... apanhei um susto!
À sua volta estavam muitos que o ouviam atentamente e faziam perguntas. Foi bom ver pessoas interessadas e apesar da confusão que reinava por todo o lado. Melhor ainda foi ver os rostos mudarem de expressão e ficarem bonitos tal como os frutos ao amadurecerem.
Grandes transformações se deram. Nos dias que ali ficámos. Os que foram tocados viviam com alegria e iam ter com outros que ainda estavam verdes e sem coragem para mudarem.
Gostei muito deste local, e lembro-o como aquele em que sedentos acabámos por saciar uma sede nunca vista.
Continuámos e por onde passávamos tudo ficava um pouco diferente e eu também me sentia mais pessoa. É interessante, como sem perceber, ia-me mudando, transformando-me devagarinho neste meu amigo. Ainda não consigo falar, mas há uma coisa que já sei; o seu nome: JESUS
No evangelho de são Mateus (23,27), Jesus chama aos escribas e fariseus de sepulcros caiados. Sepulcro é onde se sepulta o corpo dos mortos, a palavra caiados pode ser nova para muita gente, tem a derivação de cal, que se trata de um pó branco que diluído em água se torna um espécie de tinta de baixo custo e sem qualidade, é muito usada para pintar paredes e muros, funciona como uma maquilhagem temporária, dá aparência de novo e esconde temporariamente as imperfeições, mas dentro de pouquíssimo tempo a tinta se desintegra e deixa a mostra as marcas existentes.
A expressão sepulcros caiados, usada por Jesus, pode ser entendida como um sepulcro velho que está cheio de ossos e podridão e recebe por fora uma demão de cal, assim exteriormente tem aparência de novo, mas isso não altera em nada sua natureza interior que continua sendo desagradável. Os olhos de Jesus chegam aonde os nossos olhos não são capazes de ver, Jesus conhece os corações, os pensamentos, a natureza interior. Jesus quis dizer que aqueles homens fingiam ser bons, mas no fundo estavam deteriorados, seus corações estavam apodrecidos pelo orgulho e soberba.
Imagina se que as palavras de Jesus soaram fortes para aqueles homens que devem ter se sentidos envergonhados por terem sua identidade descoberta. Aqueles homens eram poderosos e influentes aparentavam ser justos e bondosos para ganhar a atenção e o respeito, mas na verdade eram corruptos e ainda se cobriam com um falso manto de bondade para transmitir uma imagem positiva, pois estavam preocupados com o conceito que as pessoas fariam deles.
Actualmente ainda estávamos vivendo o tempo dos sepulcros caiados, ainda vivemos como os fariseus e escribas do tempo de Jesus. Acreditamos que transmitindo uma imagem diferente da nossa realidade vamos obter prestigio e admiração, assim negamos a nossa identidade e os bons princípios morais para criar personagens, e vamos ao longo da vida interpretando esses personagens, para cada pessoas exibimos um personagem diferente, segundo as nossas convicções e conveniência do momento, com o tempo essa vaidade se torna uma couraça que envolve nosso coração e quando olhamos no espelho não nos reconhecemos, vemos a nossa identidade de filho de Deus perdida e usurpado por personagem que criamos e depois perdemos o controle sobre eles e nós mesmos. É triste pensar que tudo começou com uma “brincadeirinha” ou com um pretexto e agora somos estranhos e sentimos perdidos.
Mas um encontro com Jesus muda toda a história, ele nos conhece sem mascaras e maquilhagem, quando o encontramos ele nos olha nos olhos como aconteceu com Maria Madalena, a pecadora arrependida. Jesus vê além das aparências, vê o coração, conhece a natureza interior, ele não condena ninguém, pelo contrário ele mesmo fez questão de dizer que veio para os estavam “doentes” que necessitavam de perdão, o que ele não aceita é a falsidade e o orgulho.
Não sejamos como os escribas e fariseus de coração endurecido ou como os sepulcros caiados, sejamos puros de coração, Deus quer de nós pessoas verdadeiras, transparentes e que não têm vergonha viver sua identidade de cristão, tenhamos a coragem de ser autênticos e busquemos em Deus nosso modelo de amor, perdão e bondade o caminho para alcançar a santidade. E assim vamos perceber que só Deus nos basta, que não existe nada melhor do que a paz interior e o amor do nosso pai do céu.
Evangelho segundo S. Lucas 18,1-8.
Depois, disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer: «Em certa cidade, havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: 'Faz-me justiça contra o meu adversário.' Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um dia, disse consigo: 'Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.'» E o Senhor continuou: «Reparai no que diz este juiz iníquo. E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, e há-de fazê-los esperar? Eu vos digo que lhes vai fazer justiça prontamente. Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho: Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Não Há Maior Amor (a partir da trad. de Il n'y a pas de plus grand amour, Lattès 1997, p. 20)
«Orar sempre, sem desfalecer»
Toma gosto pela oração. Sente frequentemente a necessidade rezar ao longo do dia. A oração dilata o coração, até que este possa receber o dom de Deus que é Ele próprio. Pede, procura, e o teu coração crescerá ao ponto de O receber e de O guardar como teu bem.
Queremos tanto rezar bem e no entanto fracassamos. Então desanimamos e desistimos. Se queres rezar melhor, deves rezar mais. Deus aceita o fracasso, mas não quer desânimos. Ele quer que sejamos cada vez mais como crianças, cada vez mais humildes, cada vez mais cheios de gratidão na oração. Quer que nos recordemos da nossa pertença ao corpo místico de Cristo, que está em oração perpétua.
Devemos ajudar-nos uns aos outros nas nossas orações. Libertemos o espírito. Não rezemos de forma muito prolongada; que as nossas orações não se alonguem indefinidamente, mas sejam breves, repletas de amor. Rezemos por aqueles que não rezam. Recordemo-nos de que aquele que quer ser capaz de amar tem de ser capaz de rezar.
Evangelho segundo S. Lucas 9,51-62.
Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?» Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação. Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.» Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
«Segue-Me»
O Salvador precedeu-nos no caminho da pobreza. Todos os bens do céu e da terra Lhe pertencem. Não representam para Ele nenhum perigo; podia fazer uso deles e manter o Seu coração completamente livre. Mas Ele sabia que é quase impossível a um ser humano possuir bens sem se subordinar a eles e tornar-se seu escravo. Foi por esta razão que Ele abandonou tudo e nos mostrou, com o Seu exemplo, mais ainda do que pelas Suas palavras, que só possui tudo quem não possui nada. O Seu nascimento num estábulo e a Sua fuga para o Egipto mostravam já que o Filho do Homem não teria onde reclinar a cabeça. Quem quiser segui-Lo tem de saber que não temos aqui morada permanente. Quanto mais vivamente tomarmos consciência disso, mais fervorosamente tenderemos para a nossa futura morada, e exultaremos com o pensamento de termos direito de cidadania no Céu.
No programa de televisão da Madre Angélica nos Estados Unidos (EWTN), relataram um episódio pouco conhecido da vida do Papa João Paulo II. Um sacerdote norte-americano da diocese de Nova York se dispunha a rezar em uma das paróquias de Roma quando, ao entrar, se encontrou com um mendigo. Depois de observá-lo durante um momento, o sacerdote se deu conta de que conhecia aquele homem. Era um companheiro do seminário, ordenado sacerdote no mesmo dia que ele. Agora mendigava pelas ruas. O padre, depois de identificar-se e cumprimentá-lo, escutou dos lábios do mendigo como tinha perdido sua fé e sua vocação. Ficou profundamente estremecido. No dia seguinte o sacerdote vindo de Nova York tinha a oportunidade de assistir à Missa privada do Papa e poderia cumprimentá-lo no final da celebração, como é de costume. Ao chegar a sua vez sentiu o impulso de ajoelhar-se frente ao Santo Padre e pedir que rezasse por seu antigo companheiro de seminário, e descreveu brevemente a situação ao Papa. Um dia depois recebeu o convite do Vaticano para cear com o Papa, e que levasse consigo o mendigo da paróquia. O sacerdote voltou à paróquia e comentou ao seu amigo o desejo do Papa. Uma vez convencido o mendigo, o levou ao seu lugar de hospedagem, ofereceu-lhe roupa e a oportunidade de assear-se. O Pontífice, depois da ceia, indicou ao sacerdote que os deixasse a sós, e pediu ao mendigo que escutasse sua confissão. O homem, impressionado, respondeu-lhe que já não era sacerdote, ao que o Papa respondeu: " uma vez sacerdote, sacerdote para sempre". "Mas estou fora de minhas faculdades de presbítero", insistiu o mendigo. "Eu sou o Bispo de Roma, posso me encarregar disso", disse o Papa. O homem escutou a confissão do Santo Padre e pediu-lhe que por sua vez escutasse sua própria confissão. Depois dela chorou amargamente. Ao final João Paulo II lhe perguntou em que paróquia tinha estado mendigando, e o designou assistente do pároco da mesma, e encarregado da atenção aos mendigos. |
Evangelho segundo S. João 2,1-11.
«Então hão-de ver o Filho do Homem vir»
Era uma vez, um homem que só via
e realçava o mal em tudo o que fazia.
Um dia ele morreu e "partiu dessa para uma melhor".
Só que do lado de lá
havia um companheiro que não largava do seu pé,
e o acompanhava o tempo todo.
Era egoísta, pessimista, mal-humorado,
critico, mal-agradecido,
e que só sentia-se bem quando estava mal.
O homem, não o suportando mais,
foi a um anjo e implorou:
"Por favor, livra-me da companhia daquele sujeito,
eu já não o aguento mais..."
O anjo, entre admirado e compadecido, respondeu:
"Mas não há nenhum companheiro.
Aqui só existe um sistema de espelhos,
que faz com que cada um veja
e conviva com o que formou de si mesmo.
Depende de cada um, se pode ou não libertar-se.