SÓ DEUS PODE DAR AMOR, MAS TU PODES ENSINAR A AMAR... SÓ DEUS É O CAMINHO, MAS TU PODES INDICÁ-LO AOS OUTROS... SÓ DEUS É A LUZ, MAS TU PODES FAZÊ-LA BRILHAR... SÓ DEUS SE BASTA A SI MESMO, MAS QUER PRECISAR DE TI E CONTAR CONTIGO...
Domingo, 17 de Outubro de 2010
«Orar Sempre, Sem Desfalecer»
Evangelho segundo S. Lucas 18,1-8.
Depois, disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer: «Em certa cidade, havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: 'Faz-me justiça contra o meu adversário.' Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um dia, disse consigo: 'Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.'» E o Senhor continuou: «Reparai no que diz este juiz iníquo. E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, e há-de fazê-los esperar? Eu vos digo que lhes vai fazer justiça prontamente. Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho: Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Não Há Maior Amor (a partir da trad. de Il n'y a pas de plus grand amour, Lattès 1997, p. 20)
«Orar sempre, sem desfalecer»
Toma gosto pela oração. Sente frequentemente a necessidade rezar ao longo do dia. A oração dilata o coração, até que este possa receber o dom de Deus que é Ele próprio. Pede, procura, e o teu coração crescerá ao ponto de O receber e de O guardar como teu bem.
Queremos tanto rezar bem e no entanto fracassamos. Então desanimamos e desistimos. Se queres rezar melhor, deves rezar mais. Deus aceita o fracasso, mas não quer desânimos. Ele quer que sejamos cada vez mais como crianças, cada vez mais humildes, cada vez mais cheios de gratidão na oração. Quer que nos recordemos da nossa pertença ao corpo místico de Cristo, que está em oração perpétua.
Devemos ajudar-nos uns aos outros nas nossas orações. Libertemos o espírito. Não rezemos de forma muito prolongada; que as nossas orações não se alonguem indefinidamente, mas sejam breves, repletas de amor. Rezemos por aqueles que não rezam. Recordemo-nos de que aquele que quer ser capaz de amar tem de ser capaz de rezar.
Domingo, 27 de Junho de 2010
SEGUE-ME
Evangelho segundo S. Lucas 9,51-62.
Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?» Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação. Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.» Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
«Segue-Me»
O Salvador precedeu-nos no caminho da pobreza. Todos os bens do céu e da terra Lhe pertencem. Não representam para Ele nenhum perigo; podia fazer uso deles e manter o Seu coração completamente livre. Mas Ele sabia que é quase impossível a um ser humano possuir bens sem se subordinar a eles e tornar-se seu escravo. Foi por esta razão que Ele abandonou tudo e nos mostrou, com o Seu exemplo, mais ainda do que pelas Suas palavras, que só possui tudo quem não possui nada. O Seu nascimento num estábulo e a Sua fuga para o Egipto mostravam já que o Filho do Homem não teria onde reclinar a cabeça. Quem quiser segui-Lo tem de saber que não temos aqui morada permanente. Quanto mais vivamente tomarmos consciência disso, mais fervorosamente tenderemos para a nossa futura morada, e exultaremos com o pensamento de termos direito de cidadania no Céu.
Domingo, 25 de Abril de 2010
«EU SOU O BOM PASTOR»
4º Domingo da Páscoa – Ano C
Evangelho segundo S. João 10,27-30.
As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me. Dou-lhes a vida eterna, e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão. O que o meu Pai me deu vale mais que tudo e ninguém o pode arrancar da mão do Pai. Eu e o Pai somos Um.»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho
«Eu sou o Bom Pastor» (Jo 10, 11)
Abel, o primeiro pastor, conquistou a admiração do Senhor, que de bom grado acolheu o sacrifício dele e preferiu o doador ao dom (Gn 4, 4). A Escritura também louva Jacob, pastor dos rebanhos de Labão, fazendo notar o que sofreu pelas suas ovelhas: «Fui devorado pelo calor durante o dia e pelo frio durante a noite» (Gn 31, 40); e Deus recompensou este homem pelo seu labor. Também Moisés foi pastor nas montanhas de Madian, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a conhecer a felicidade [no palácio do faraó]; e Deus, apreciando esta escolha, deixou-Se ver por ele como recompensa (Ex 3, 2). Após esta visão, Moisés não abandonou o seu ofício de pastor, antes dominou aos elementos com o seu báculo (Ex 14, 16), conduzindo o povo de Israel para as pastagens. Também David foi pastor, mas o seu bastão foi trocado por um ceptro real e recebeu a coroa. Não te espante que todos estes bons pastores estejam perto de Deus. O próprio Senhor não cora por ser chamado «pastor» (Sl 22; 79), Deus não cora de conduzir os homens para as pastagens, como não cora por tê-los criado.
Olhemos agora para o nosso pastor, para Cristo; contemplemos o Seu amor pelos homens, a suavidade com que os conduz às pastagens. Ele alegra-Se com as ovelhas que O rodeiam e vai à procura daquelas que se perdem. Nem montes nem florestas são para Ele obstáculo: corre pelo vale da sombra (Sl 22, 4) para chegar ao local onde se encontra a ovelha perdida. [...] Vai aos infernos libertar os que ali se encontram; é assim que Ele procura o amor das Suas ovelhas. Aquele que ama a Cristo é aquele que sabe ouvir a Sua voz.
Domingo, 13 de Dezembro de 2009
«Vai chegar alguém mais forte do que eu»
«Vai chegar alguém mais forte do que eu»
Evangelho segundo S. Lucas 3,10-18.
E as multidões perguntavam-lhe: «Que devemos, então, fazer?» Respondia-lhes: «Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo.» Vieram também alguns cobradores de impostos, para serem baptizados e disseram-lhe: «Mestre, que havemos de fazer?» Respondeu-lhes: «Nada exijais além do que vos foi estabelecido.» Por sua vez, os soldados perguntavam-lhe: «E nós, que devemos fazer?» Respondeu-lhes: «Não exerçais violência sobre ninguém, não denuncieis injustamente e contentai-vos com o vosso soldo.» Estando o povo na expectativa e pensando intimamente se ele não seria o Messias, João disse a todos: «Eu baptizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo. Tem na mão a pá de joeirar, para limpar a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; mas queimará a palha num fogo inextinguível.» E, com estas e muitas outras exortações, anunciava a Boa-Nova ao povo.
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho
«Vai chegar alguém mais forte do que eu»
João não falava apenas do seu tempo quando anunciou o Senhor aos fariseus, dizendo: «Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as Suas veredas» (Mt 3, 3). João brada hoje em nós, e o trovão da sua voz abala o deserto dos nossos pecados. Mesmo abafada pelo sono do martírio, a sua voz ressoa ainda, e continua a dizer-nos: «Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as Suas veredas». [...]
João Baptista ordenou, pois, que preparássemos os caminhos do Senhor. Vejamos que caminho preparou ele para o Salvador. Desde o princípio, traçou e ordenou na perfeição o caminho para a chegada de Cristo, pois foi em todas as coisas sóbrio, humilde, contido e virgem. É ao descrever todas estas virtudes que o evangelista afirma: «João trazia um trajo de pêlos de camelo e um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre» (Mt 3, 4). Que sinal maior de humildade pode haver num profeta do que o desprezo pelas vestes elegantes, em troca de pêlos rugosos? Que mais profundo sinal de fé pode haver do que estar sempre pronto, de rins cingidos, para desempenhar todas as tarefas servis? Que marca de abstinência mais notável pode haver, do que a renúncia às delícias desta vida, para se alimentar de gafanhotos e mel silvestre?
Todos estes comportamentos do profeta eram, a meu ver, proféticos em si mesmos. Que o mensageiro de Cristo se vestisse de pêlos de camelo significava, muito simplesmente, que Cristo, ao vir a este mundo, Se revestiria do nosso corpo humano, deste tecido grosso, enrugado pelos nossos pecados. [...] O cinto de couro significa que a nossa frágil carne, orientada para o vício antes da vinda de Cristo, seria por Ele conduzida à virtude.
Quarta-feira, 7 de Outubro de 2009
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Esta festa foi instituída pelo Papa Pio V em 1571, quando celebrou-se a vitória dos cristãos na batalha naval de Lepanto. Nesta batalha os cristãos católicos, em meio a recitação do Rosário, resistiram aos ataques dos turcos otomanos vencendo-os em combate.
A celebração de hoje convida-nos à meditação dos Mistérios de Cristo, os quais nos guiam à Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus.
A origem do Rosário é muito antiga, pois conta-se que os monges anacoretas usavam pedrinhas para contar o número das orações vocais. Desta forma, nos conventos medievais, os irmãos leigos dispensados da recitação do Saltério (pela pouca familiaridade com o latim), completavam suas práticas de piedade com a recitação de Pai-Nossos e, para a contagem, o Doutor da Igreja São Beda, o Venerável (séc. VII-VIII), havia sugerido a adoção de vários grãos enfiados em um barbante.
Na história também encontramos Maria que apareceu a São Domingos e indicou-lhe o Rosário como potente arma para a conversão: "Quero que saiba que, a principal peça de combate, tem sido sempre o Saltério Angélico (Rosário) que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Assim quero que alcances estas almas endurecidas e as conquiste para Deus, com a oração do meu Saltério".
Essa devoção, propagada principalmente pelos filhos de São Domingos, recebe da Igreja a melhor aprovação e foi enriquecida por muitas indulgências. Essa grinalda de 200 rosas - por isso Rosário - é rezado praticamente em todas as línguas, e o saudoso Papa João Paulo II e tantos outros Papas que o precederam recomendaram esta singela e poderosa oração, com a qual, por intercessão da Virgem Maria, alcançamos muitas graças de Jesus, como nos ensina a própria Virgem Santíssima em todas as suas aparições.
Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
Quinta-feira, 1 de Outubro de 2009
Santa Teresinha do Menino Jesus
"Não quero ser santa pela metade, escolho tudo".
A santa de hoje nasceu em Alençon (França) em 1873 e morreu no ano de 1897. Santa Teresinha não só descobriu que no coração da Igreja sua vocação era o amor, mas sabia que o seu coração - e o de todos nós - foi feito para amar. Nascida de família modesta e temente a Deus, seus pais (Luís e Célia) tiveram oito filhos antes da caçula Teresa: quatro morreram com pouca idade, restando em vida as quatro irmãs da santa (Maria, Paulina, Leônia e Celina). Teresinha entrou com 15 anos no Mosteiro das Carmelitas em Lisieux, com a autorização do Papa Leão XIII. Sua vida se passou na humildade, simplicidade e confiança plena em Deus.
Todos os gestos e sacrifícios, do menor ao maior, oferecia a Deus pela salvação das almas e na intenção da Igreja. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, esteve como criança para o pai, livre, igual a um brinquedo aos cuidados do Menino Jesus e, tomada pelo Espírito de amor, que a ensinou um lindo e possível caminho de santidade: infância espiritual.
O mais profundo desejo do coração de Teresinha era ter sido missionária "desde a criação do mundo até a consumação dos séculos". Sua vida nos deixou como proposta, selada na autobiografia "História de uma alma" e, como intercessora dos missionários sacerdotes e pecadores que não conheciam a Jesus, continua ainda hoje, vivendo o Céu, fazendo o bem aos da terra.
Morreu de tuberculose, com apenas 24 anos, no dia 30 de Outubro de 1897 dizendo suas últimas palavras: "Oh!...amo-O. Deus meu,...amo-Vos!"
Após sua morte, aconteceu a publicação de seus escritos. A chuva de rosas, de milagres e de graças de todo o gênero. A beatificação em 1923, a canonização em 1925 e declarada "Patrona Universal das Missões Católicas" em 1927, atos do Papa Pio XI. E a 19 de outubro de 1997, o Papa João Paulo II proclamou Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face doutora da Igreja.
Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!
Segunda-feira, 28 de Setembro de 2009
PENSA BEM...
Domingo, 16 de Agosto de 2009
Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica a morar em Mim e Eu nele
Evangelho segundo S. João 6,51-58.
Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.» Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os antepassados comeram, pois eles morreram; quem come mesmo deste pão viverá eternamente.»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho:
«Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica a morar em Mim e Eu nele»
O sacrifício celeste instituído por Cristo é verdadeiramente a herança legada pelo Seu novo testamento; Ele deixou-no-la na noite em que ia ser entregue para ser crucificado, como garante da Sua presença. Ele é o viático da nossa viagem, o nosso alimento no caminho da vida, até chegarmos à outra Vida, ao deixar este mundo. Era por isso que o Senhor dizia: «Se não comerdes a Minha carne e não beberdes o Meu sangue, não tereis a vida em vós».
Ele quis que os Seus benefícios permanecessem entre nós; quis que as almas resgatadas pelo Seu sangue precioso fossem sempre santificadas à imagem da Sua própria Paixão. Foi por essa razão que ordenou aos Seus discípulos fiéis, que estabeleceu como primeiros sacerdotes da Sua Igreja, que celebrassem estes mistérios de vida eterna. [...] Com efeito, a multidão dos fiéis devia ter todos os dias diante dos seus olhos a representação da Paixão de Cristo; ao segurá-la nas nossas mãos, ao recebê-la na boca e no coração, ficaremos com uma recordação indelével da nossa redenção.
É preciso que o pão seja feito com a farinha de numerosos grãos de fermento, misturada com água, e receba do fogo o seu acabamento. Encontra-se aí, portanto, uma imagem semelhante ao corpo de Cristo, pois sabemos que Ele forma um só corpo com a multidão dos homens, que recebeu o seu acabamento do fogo do Espírito Santo. [...] Do mesmo modo, o vinho do Seu sangue é extraído de diversos cachos de uvas, isto é, de uvas da vinha plantada por Ele, esmagadas sob o peso da cruz; vertido no coração dos fiéis, aí se agita pelo seu próprio poder.
É este o sacrifício da Páscoa, que traz a salvação a todos os que foram libertados da escravatura do Egipto e do Faraó, isto é, do demónio. Recebei-o em união connosco, com toda a avidez de um coração religioso.
Domingo, 5 de Julho de 2009
ACREDITAR EM JESUS
Evangelho segundo S. Marcos 6,1-6.
E partiu dali. Foi para a sua terra, e os discípulos seguiam-no. Chegado o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: «De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada? Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as suas irmãs não estão aqui entre nós?» E isto parecia-lhes escandaloso. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e em sua casa.» E não pôde fazer ali milagre algum. Apenas curou alguns enfermos, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. Jesus percorria as aldeias vizinhas a ensinar.
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho
Crer em Jesus actualmente
Muitos não se cansam de dizer: «Se nós tivéssemos vivido na época dos apóstolos e se tivéssemos sido considerados dignos de ver Cristo como eles, também nos teríamos tornado santos como eles». Ignoram que Ele é o mesmo, Aquele que fala, agora como nesse tempo, em todo o universo. [...] A situação actual não é certamente a mesma que se vivia então, mas é a situação de hoje, de agora, que é muito mais feliz. Ela conduz-nos mais facilmente a uma fé e convicção mais profundas do que o facto de O ter visto e ouvido fisicamente.
Naquela época, com efeito, era um homem que aparecia àqueles que não tinham inteligência, um homem de condição humilde; mas actualmente é um Deus que nos é pregado, um Deus verdadeiro. Naquele tempo, Ele frequentava fisicamente os publicanos e os pecadores e comia com eles; mas agora está sentado à direita de Deus Pai, nunca tendo estado separado d'Ele de maneira nenhuma. [...] Na altura, até as pessoas sem valor o desprezavam dizendo: «Não é o filho de Maria e de José, o carpinteiro?» (Mc 6, 3; Jo 6, 42) Mas agora os reis e os príncipes adoram-n'O como Filho do verdadeiro Deus e o próprio Deus verdadeiro. [...] Então, era tido por um homem perecível e mortal entre todos os outros. Ele que é Deus sem forma e invisível recebeu, sem alteração nem mudança, uma forma num corpo humano; mostrou-Se totalmente homem, sem oferecer ao olhar nada mais do que os outros homens. Comeu, bebeu, dormiu, transpirou e cansou-Se; fez tudo o que os homens fazem, excepto o pecado.
Não era fácil reconhecer e crer que um homem daqueles era Deus, Aquele que fez o céu, a terra, e tudo o que eles contêm. [...] Deste modo, quem hoje escuta diariamente Jesus proclamar e anunciar através dos santos Evangelhos a vontade do Seu Pai abençoado sem Lhe obedecer com temor e estremecimento e sem cumprir os mandamentos também não teria aceitado acreditar n'Ele naquela época.
Domingo, 31 de Maio de 2009
SOLENIDADE DE PENTECOSTES
Evangelho segundo S. João 15,26-27.16,12-15.
«Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor. E vós também haveis de dar testemunho, porque estais comigo desde o princípio.» «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.»
Da Bíblia Sagrada
Comentário ao Evangelho
Do Pentecostes judaico ao Pentecostes cristão
O Monte Sinai é o símbolo do Monte Sião. [...] Reparai até que ponto as duas alianças se ecoam uma à outra, com que harmonia a festa de Pentecostes é celebrada em cada uma delas. [...] O Senhor desceu ao Monte Sião no mesmo dia e de maneira muito semelhante a como tinha descido ao Monte Sinai. [...]
Escreve Lucas: «Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles» (Act 2, 2-3). [...] Sim, tanto num como noutro monte se ouve um ruído violento e se vê um fogo. No Sinai, foi uma nuvem espessa, no Sião o esplendor de uma luz muito forte. No primeiro caso, tratava-se de «imagem e sombra» (Heb 8, 5), no segundo caso da realidade verdadeira. No passado, ouviu-se o trovão, hoje discernem-se as vozes dos apóstolos. De um lado, o brilho dos relâmpagos; do outro, prodígios por todo o lado. [...]
«Moisés mandou sair o povo do acampamento, para ir ao encontro de Deus, e pararam junto do monte» (Ex 19, 17). E, nos Actos dos Apóstolos, lemos que «ao ouvir aquele som poderoso, a multidão reuniu-se e ficou estupefacta» (v. 6). [...] O povo de toda a Jerusalém reuniu-se aos pés da montanha de Sião, ou seja, no lugar onde Sião, a imagem da Santa Igreja, começou a ser edificado, a colocar os seus fundamentos. [...]
«Todo o Monte Sinai fumegava, porque o Senhor havia descido sobre ele no meio de chamas», diz o Êxodo (v. 18). [...] Como poderiam deixar de arder aqueles que tinham sido abrasados pelo fogo do Espírito Santo? Assim como o fumo assinala a presença do fogo, assim também, pela segurança dos seus discursos e pela diversidade das línguas que falavam, o fogo do Espírito Santo manifestou a Sua presença no coração dos apóstolos. Felizes os corações que estão cheios deste fogo! Felizes os homens que ardem com este calor! «Todo o monte estremecia violentamente. Os sons da trombeta repercutiam-se cada vez mais» (vv. 18-19). [...] Assim também a voz dos apóstolos e a sua pregação se tornaram cada vez mais fortes, fazendo-se ouvir cada vez mais longe, até que «por toda a terra caminha o seu eco, até aos confins do universo a sua palavra» (Sl 18, 5).