A Virgem Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, é uma criatura privilegiada. Deus queria fazer-se homem e escolheu Sua Mãe, cumulando-a de todos os dons e virtudes, a fim de preparar Sua morada em seu seio virginal.
Com razão, o profundo sentido de piedade popular dirige-lhe este louvor: "mais que tu, só Deus!" Suas relações especiais com a Santíssima Trindade fazem com que a louvemos como Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo de Deus. Bem pôde cantar agradecida, ao ter conhecimento do mistério da sua eleição divina para ser a Mãe do Verbo Encarnado: "todas as gerações me hão de proclamar bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso fez em mim grandes coisas."
O privilégio fundamental, que está no centro de todos os outros e dá a razão deles, é a maternidade divina. Maria Santíssima é verdadeiramente Mãe de Deus, porque gerou e deu à luz Cristo Jesus, que é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Quando Nestório negou a Maternidade divina de Maria, o Concílio de Éfeso proclamou este ensinamento: "Se alguém não confessa que o Emanuel é verdadeiro Deus e por isso a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, posto que gerou carnalmente o Verbo de Deus feito carne, seja anátema". (Anatem, de S. Cirilo, 1, em Dz.113).Jesus é seu Filho.
Porque estava escolhida para ser Mãe de Deus, foi preservada do pecado original com o qual todos nascemos, herdado de nossos primeiros pais. Ela é a Imaculada Conceição. Assim Pio IX define este dogma: "Proclamamos e definimos que a doutrina que afirma que a Santíssima Virgem Maria foi preservada imune a toda mancha de culpa original no primeiro instante da sua Conceição por graça singular e privilégio de Deus Omnipotente, em atenção aos méritos de Cristo Jesus Salvador do género humano, é revelada por Deus e deve ser portanto acreditada firme e constantemente por todos os fiéis". ( Bula Inefabilis Deus, 8 de Dezembro de 1854, em Dz. 1641).
Embora esse privilégio se refira directamente à inexistência nela do pecado original, há de se entender ao mesmo tempo que Deus a santificou com tal abundância de graças que a colocam acima de todos os Anjos e de todos os Santos. Ela é a Rainha de todos os Santos porque a medida da Sua santidade é o privilégio maior que Deus concedeu a uma criatura: ser Sua Mãe.
"Todas as gerações me chamarão bem aventurada" (Lc 1, 48)
A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão. A Santíssima Virgem é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja. Com efeito, desde remotíssimos tempos a bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de "Mãe de Deus" sob cuja protecção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os perigos e necessidades. Este culto encontra a sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, tal como o Santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.
Devemos acrescentar ainda, que na história da humanidade nunca se ouviu dizer de alguém que tivesse tantos títulos quanto Maria.
8 de Dezembro de 2006 - DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
Dia 8 de Dezembro – Dia da Imaculada Conceição, e durante tantos anos, Dia da Mãe.
Se hoje já não se festeja, nesta data, o dia da Mãe de cada um de nós, celebra-se e para sempre, o dia da Mãe de todos nós, Maria Nossa Senhora!
Oito de Dezembro – dia de Festa e de Recolhimento!
Dia de Festa para toda a Cristandade e de um modo muito especial, para nós portugueses.
Desde o início da nacionalidade que Nossa Senhora nos acompanha.
A Senhora da Oliveira, de Guimarães, apoia e abençoa D. Afonso Henriques na Fundação de Portugal, e ele, em recolhimento, levanta ao longo das suas terras, Igrejas e Mosteiros que serão centros de Fé e de Cultura.
Séculos depois, perante a ameaça da perda da independência, a Fé e a coragem de D. Nuno Álvares Pereira – futuro Frei Nuno de Santa Maria – são abençoadas na Batalha de Aljubarrota e o novo Rei D. João I, manda edificar o Mosteiro da Batalha, em honra de Nossa Senhora da Vitória.
A Independência consolidada, com a dinastia de Avis no trono, é tempo de Portugal ir à descoberta de Novos Mundos.
A Senhora da Boa Esperança acompanha os descobridores e missionários, e a Boa Nova do Evangelho é anunciada, até aos confins da terra.
Mais um Mosteiro é construído, agora por ordem de D. Manuel I, oferecido a Nossa Senhora de Belém e entregue aos Frades Jerónimos.
Voltam crises, perde-se a independência; mas, alcançada a Restauração logo o Duque de Bragança, agora Rei D. João IV, superando cuidados militares e diplomáticos, reúne as Cortes e, com o Clero, a Nobreza e o Povo, proclama Nossa Senhora da Conceição Padroeira e Rainha de Portugal.
O tempo vai passando, feito de grandezas e dificuldades, de progressos e retrocessos, de lutas e perseguições.
Já no século XX, em plena época de crise e de guerra, Nossa Senhora visita Portugal, em Fátima e entrega aos Três Pastorinhos – crianças entre os 7 e os 10 anos – a Mensagem que daqui partirá para todo o Mundo, pedindo a Paz e a Conversão.
Em Festa, vamos agradecer a Nossa Senhora todo o Amor que nos tem dedicado.
Em Recolhimento, vamos conhecer melhor Nossa Senhora para fazermos d’Ela nosso modelo e nosso guia.
Vamos pois à descoberta da Senhora, cheia de Graça, que soube vencer o mal; da Senhora que, na simplicidade e na humildade, disse “Sim” ao convite que Deus lhe fazia; da Senhora que, no silêncio e na contemplação acompanhou e viu o Menino Jesus “crescer em estatura, sabedoria e Graça”, “guardando todas as coisas no seu coração”; da Senhora que nos ensinou a “fazer tudo o que Ele – o Seu Filho, Nosso Senhor – nos disser”.
A Senhora que, junto da Cruz, aceitou na dor e no amor, ser a Mãe e o exemplo de toda a Humanidade.
Como Cristãos e como Portugueses, como mulheres e como mães, vamos viver este Advento de 2006 na “Escola de Nossa Senhora” e, como Ela, na força e serenidade, na ternura e na alegria, vamos transmitir aos nossos filhos os valores que nos foram legados.
Como Maria, Nossa Senhora, vamos preparar os nossos filhos para as missões que lhes forem confiadas e, em tempo de obstáculos e de ameaças, vamos ensinar-lhes o caminho da Esperança.