" Pondo-se eles a caminho, Jesus entrou num povoado. Uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria que, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com o muito serviço. Parou e disse: Senhor, não te importa que minha irmã me deixe sozinha no serviço? Dizei-lhe que me venha ajudar. O Senhor lhe respondeu: Marta, Marta, andas muito agitada e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada. "
A mentalidade moderna está acostumada a valorizar a pessoa por aquilo que ela FAZ. Parece ser consenso que o TER não serve como referência (excepto para os materialistas assumidos) e que o SER é valorizado num nível abaixo do FAZER.
Assim, é muito comum as pessoas serem valorizadas pelo que FAZ e não pelo que ela É. Veja só: Discrimina-se alguém pelo facto de não gostar de estudar, ou por ter dificuldade de exercer a sua profissão, ou por não ser uma pessoa dinâmica de um modo geral. São logo rotulados de preguiçosos e incompetentes. Quantas vezes inconscientemente procuramos amizades de pessoas mais capazes, e somos indiferentes e até mesmo nos afastamos de quem aparentemente não tem muito a nos acrescentar?
Elogios rasgados são feitos aos estudiosos, aos bons líderes, aos que se exaustam em trabalhos. Sim, é importante que sejam valorizados, mas é mais importante ainda que os outros não sejam discriminados, mas também valorizados naquilo que são.
Jesus poderia ter elogiado o esforço de Marta para lhe oferecer o melhor, e repreender Maria por não ajudar sua irmã nos afazeres. Essa é a mentalidade comum. Era também a de Marta que repreende sua irmã. Mas não é a de Jesus. Ao contrário, além de não recriminar Maria, Jesus ainda exaltou o seu comportamento, colocando-o como melhor do que o de Marta.
"Marta, te preocupas com muitas coisas. Uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte."
Jesus não discrimina ninguém. Simplesmente, valoriza mais o amor, o diálogo, a amizade, enfim, o ser humano em si do que os esforços e tarefas empreendidas. Mas porquê? Porque "uma só coisa é necessária": O homem foi criado para o amor, e só a vivência do amor dá sentido a vida do homem. Os trabalhos e afazeres em geral, quando não estão numa perspectiva subordinada ao que nos é mais importante, ao invés de amor e vida, geram cansaço, orgulho, dispersão, desatenção ao próximo e ao próprio sentido de sua vida.
Graças a Jesus, aprendemos que devemos valorizar mais a pessoa por aquilo que ela É do que por aquilo que ela FAZ. São Paulo exemplifica de uma forma sublime esta verdade: