Evangelho segundo São João 19, 10-30
Pilatos disse-lhe, então: «Não me dizes nada? Não sabes que tenho o poder de te libertar e o poder de te crucificar?» Respondeu-lhe Jesus: «Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do Alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.»
Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgata, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio.
Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.» Este letreiro foi lido por muitos judeus, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Então, os sumos-sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas “Rei dos Judeus”, mas sim: Este homem afirmou: “Eu sou Rei dos Judeus.” Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.» Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. Então, os soldados disseram uns para os outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes.
E foi isto o que fizeram os soldados.
Junto à cruz de Jesus estavam de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mão: «Mulher, eis aí o teu filho!» Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!» Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lhe à boca.
Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
COMENTÁRIO: O suplício da cruz; era assim que os condenados à morte eram punidos em certos países.
Preso a uma trave de madeira, o «crucificado» tinha uma morte lenta, por asfixia: um sofrimento horrível.
Quem poderia imaginar que o enviado de Deus, o Seu próprio Filho, não seria reconhecido e estimado no seu devido valor! Contudo, foi o que aconteceu há 2000 anos, em Jerusalém. Sim, Jesus morreu crucificado. Por isso, Ele não veio explicar o mal, o sofrimento e a morte: Ele padeceu-os! Poderíamos dizer que, com Ele, Deus foi crucificado pela maldade da humanidade e sofre connosco por causa dela.
Quando eu olho para a cruz, fico revoltado:
Porque é que a maldade foi mais forte do que o amor, naquele dia?
Perdão, Senhor, por causa da violência da humanidade
Que impede que o amor se estenda ao coração de todos os homens.
Perdão pelas nossas próprias violências,
Pelas palavras más que dizemos quando estamos irritados.
Tu deste a tua vida para que nós vivamos de amor;
É isso que Tu nos dizes… quando Te vemos na cruz.