Um dia numa linda manhã cheguei a um local fantástico. Tudo aquilo que via era diferente do que já conhecia. As "pessoas", não sei se as posso chamar assim, eram muito estranhas e engraçadas, algumas até de várias cores. Viviam numas "casas" sem porta e as janelas abriam para baixo e para o lado. Os telhados eram redondos com muitas coisas que pareciam pedras e relva. As árvores cresciam nas paredes e davam bons frutos e saborosos. Havia sempre luz de três sóis coloridos.
As ruas eram todas inclinadas e ao andar parecia que os pés não tocavam o chão de tão leve que parecia.
As pessoas falavam mas não era nada conhecido, parecia água a correr entre pedras soltas. No meio de tanta novidade e diversidade qualquer um passava despercebido, mas ainda eu não me tinha apercebido de tudo, quando ao longe alguém que parecia uma criança sorrindo-me acenou. Aproximámo-nos e ele cumprimentou-me como se já me conhecesse e não me visse há muito tempo. Fez-me sinal para seguir com ele e lá fui.
Vi muita coisa bonita e aprendi bastante, embora ele soubesse que eu não percebia a língua, conseguiu explicar de diversos modos, e de forma tão clara que eu entendia.
Ele conhecia todos os que encontrávamos e parecia gostar de todos do mesmo modo. Chegámos a um local onde havia muitos que o não conheciam pois ou afastavam-se ou gritavam-lhe de longe com medo, ou então ficavam parados a ouvir. Não sei o que lhes dizia mas o som que fazia era muito bonito e encantador até parecia que tinha vida e tocava como chuva miudinha. Havia uns que se aproximavam e deixavam-se tocar, mas outros ignoravam-no.
Isto acontecia muitas vezes, quase sempre que passávamos de uma povoação para outra.
Um dia, depois de caminharmos bastante, chegámos a um local onde as pessoas conversavam na rua, cumprimentámo-las mas nem nos ligaram. Fazia muito calor e ali ao lado havia uma espécie de lugar onde havia entre outras, bebidas. Até sabia bem,..., mas assim que ele ia entrar, essas mesmas pessoas começaram a falar de um modo que me apercebi de que aquele sítio deveria ser muito perigoso... ele entrou, e eu fiquei um pouco na dúvida, mas, pensando melhor, entrei também; afinal onde ele puder entrar eu também posso!
Havia muita confusão, barulho, e umas coisas estranhas a andarem no meio do chão. Acho que fui bem acolhido, vieram-me buscar, davam-me umas coisas para por nas costas das mãos, e falavam muito alto, cumprimentavam-me e trocavam entre eles comentários. Depois andavam aos encontrões e eu lá no meio de um lado para o outro, também com um pouco de medo daquelas coisas que andavam lá pelo chão. Tentava perceber o que estava acontecer, já sem saber o que fazer propriamente, quando uma mão conhecida me tirou dali, e ao mesmo tempo aquilo que me tinham colocado nas costas das mãos saltou e fugiu pelo chão... apanhei um susto!
À sua volta estavam muitos que o ouviam atentamente e faziam perguntas. Foi bom ver pessoas interessadas e apesar da confusão que reinava por todo o lado. Melhor ainda foi ver os rostos mudarem de expressão e ficarem bonitos tal como os frutos ao amadurecerem.
Grandes transformações se deram. Nos dias que ali ficámos. Os que foram tocados viviam com alegria e iam ter com outros que ainda estavam verdes e sem coragem para mudarem.
Gostei muito deste local, e lembro-o como aquele em que sedentos acabámos por saciar uma sede nunca vista.
Continuámos e por onde passávamos tudo ficava um pouco diferente e eu também me sentia mais pessoa. É interessante, como sem perceber, ia-me mudando, transformando-me devagarinho neste meu amigo. Ainda não consigo falar, mas há uma coisa que já sei; o seu nome: JESUS