O que é uma comunidade?
Respondo fazendo uma comparação:
- Seria como uma laranjeira?
- Mas, cada laranja cuida de si, e o sol de todas.
- Ou como uma fruteira sortida de maçãs, peras, mangas, laranjas, etc.?
– Ainda não, porque estão apenas sobrepostas.
- Como um sumo de frutas batido?
Não porque ao bater, cada um perdeu a sua identidade e a sua individualidade.
- Como uma salada de frutas?
– Agora sim, pelos seguintes motivos: Cada qual se beneficia com o sabor da outra sem perder a sua identidade. E tem mais. Leia a Palavra de vida.
Palavra de vida:
Com a solenidade de Cristo, REI DO UNIVERSO,
encerramos hoje o Ano Litúrgico (Ciclo C).
Os reinos estão, hoje, muito desacreditados.
No entanto, na Bíblia, o tema é muito usado,
no Antigo e no Novo Testamento.
A Palavra de Deus deixa claro, que é uma realeza diferente,
que se exerce no amor, no serviço, no dom da vida.
Na 1ª Leitura Davi é ungido rei de todo o Povo de Israel. (2Sm 5,1-3)
O seu reino tornou-se símbolo do Reino de paz e de justiça,
que um dia Deus teria instaurado na terra.
Os Profetas prometeram a chegada de um descendente de Davi,
que iria realizar esse sonho. Israel esperou durante muitos séculos essa Vinda.
O Evangelho apresenta a realização dessa promessa:
o NOSSO REI preside esse Reino no Trono da CRUZ. (Lc 23,35-43)
A Cena é surpreendente e decepcionante para os homens.
Cristo não aparece sentado num trono de ouro,
mas pregado numa cruz, com uma horrível coroa de espinhos na cabeça,
com uma irónica inscrição pregada na cruz: "J.N. REI dos Judeus".
Ele não está rodeado de súbditos fiéis, que o louvam,
mas dos chefes dos judeus que o insultam, e dos soldados que o escarnecem.
Nada o identifica com poder, com autoridade, com realeza terrena.
- Contudo, a inscrição, irónica aos olhos dos homens,
descreve com precisão a situação de Jesus, na perspectiva de Deus:
Ele é "rei", que preside, da cruz, a um "Reino"
de serviço, de amor, de entrega, de dom da vida.
- O quadro é completado por uma cena bem significativa...
Ao lado de Jesus estão dois malfeitores, crucificados com ele.
Enquanto um o insulta, representando os que recusam a proposta do "Reino",
o outro, no suplício da cruz, reconhece a realeza de Jesus e pede um lugar nele. Jesus lhe garante: "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso".
* A cruz é o Trono, em que se manifesta plenamente a realeza de Jesus,
que é perdão e vida plena para todos.
A Cruz é a expressão máxima de uma vida feita de Amor e Entrega;
Na 2ª leitura São Paulo apresenta um Hino litúrgico da Igreja primitiva,
que celebra a Realeza e a soberania de Cristo sobre toda a criação.
Cristo é o centro da vida e da história. (Cl 1,12-20)
* Esta centralidade de Cristo está presente
na reflexão, na catequese e na vida da Igreja,
ou há outros deuses que ocupam o seu lugar?
+ A liturgia afirma:
"Seu Reino, Eterno e Universal, é o Reino da Verdade e da Vida, Reino
da Santidade e da Graça. Reino da Justiça, do Amor e da Paz". (Prefácio)
+ Lendo o Evangelho, vemos que:
- A Missão de Cristo nessa terra foi precisamente inaugurar o Reino de Deus...
- A Missão da Igreja consiste em perpetuar na História o anúncio do Reino de
Deus e convocar os homens para a tarefa de construí – lo na terra.
- Jesus nos convida a fazer parte desse Reino e a trabalhar
para que esse Reino chegue ao coração de todos.
É justamente essa a missão do LEIGO, cuja festa hoje celebramos:
Ser "Protagonista da Evangelização". (Santo Domingo)
É o que ele nos convida a rezar no Pai-nosso: "Venha a nós o vosso Reino!"
+ Celebrar a festa de Cristo Rei
- Não é celebrar um Deus forte, dominador, que se impõe aos homens
do alto de sua omnipotência e que os assusta com gestos espectaculares;
- é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações
com a força desarmada do amor.
A CRUZ é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e
escolhe reinar no coração dos homens através do amor e do dom da vida.
Por isso, a festa de Cristo Rei nos convida a repensar
a nossa existência e os nossos valores.
- Diante deste "rei" despojado de tudo e pregado numa cruz,
não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões
de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimento?
- Diante deste "rei" que dá a vida por amor,
não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza,
as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas,
as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos?
- Diante deste "rei" que se dá sem guardar nada para si,
não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?
Certamente nos sentimos felizes em sermos cidadãos desse Reino.
Vivemos tempos algo conturbados. A maioria das pessoas vive uma vida desordenada, sempre a correr. Sobretudo, os casais mais novos lançam-se numa rotina que os vai desgastando. De manhã cedo, tratar dos filhos, levá-los ao colégio ou à escola, seguir para o emprego; ao fim do dia, regresso do trabalho; casa, comida…
Se perguntarmos a algum destes casais qual é lugar de Deus na família, uns dizem que se esquecem, outros, que lhes falta o tempo. Mas faltará mesmo, ou será uma questão de saber estabelecer prioridades?
É urgente que Jesus Cristo seja Alguém vivo e operante nas nossas vidas. Fomos criados por Deus para que, usando o dom da liberdade, caminhemos para Ele em comunhão íntima de amor.
A participação na vida divina advém-nos pela participação na Eucaristia. Sob as espécies do pão e do vinho, Cristo continua presente, dando-nos a Sua Vida. É no encontro com o Cristo Ressuscitado que está a nossa salvação.
Vou à missa porque Cristo me chama, através da Igreja, ou entrei na rotina? Na Eucaristia faço comunhão com os outros? A Eucaristia ilumina toda a minha vida dando sentido a tudo, até no sofrimento? Não podemos esquecer nunca que foi a Eucaristia que alimentou e deu sentido à vida toda do nosso querido e saudoso Papa João Paulo II. Seria bom que o mesmo sucedesse connosco.
Hoje, a Igreja não celebra a santidade de um cristão que se encontra no Céu, mas sim, de TODOS.
Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de TODOS para a felicidade Eterna.
"Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade." Todos são chamados à santidade: " Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeitto" (Mt 5,48) (CIC 2013).
Sendo assim, nós passamos a compreender o início do Sermão do abade São Bernando: "Para quê louvar os santos, para que glorificá-los? Para quê, enfim, esta solenidade?
Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles"
Sabemos que desde os primeiros séculos que os cristãos praticam o culto dos Santos, a começar pelos Mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos "heróis" da fé, esperança e caridade.
Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma "constelação", já que São João viu: "Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas"(Apoc 7, 9).
Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, Sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares, ou Religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide viver o Evangelho que funciona na Igreja e na Sociedade.
Portanto a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constitue o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois "não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos Santos, sois da Família de Deus"(Ef 2,19).
Neste dia a Mãe faz este apelo a todos nós seus filhos: " O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos." "A perfeição cristã s
ó tem um limite: ser ilimitada" (CIC 2028).
Todos os Santos de Deus...rogai por nós!