Existe uma lenda que poderá ajudar-nos a entender a eficácia do Sacramento do Baptismo.
Havia um rei que tinha grande amor pelo seu povo.
Muitas vezes, saía sózinho visitando os diversos arredores da cidade, a fim de ver o que se passava com os seus súbditos.
Uma tarde, ao passar por um bairro pobre, encontrou um menino esfarrapado, macilento, coberto de chagas e com uma grande mancha negra na testa. Era um defeito de nascença.
O rei, sentindo grande compaixão pela criança, aproximou-se e perguntou-lhe:
- Como te chamas?
- Eu não tenho nome - respondeu a criança.
- Como não tens nome? Quem são os teus pais?
-Eu não tenho pai nem mãe.
-Onde moras então? Onde dormes, onde te abrigas da chuva e das tempestades?
- Não tenho casa. Abrigo-me debaixo das pontes ou nas garagens dos autocarros.
- Mas afinal de que te alimentas?
- Eu vivo dos restos que me dão.
O rei, profundamente impressionado, tomou o menino pela mão e disse-lhe.
- Vem comigo. De hoje em diante, terás pai e mãe, casa para morar e tudo quanto precisares para seres feliz.
Ao chegar ao palácio real, entrou nos aposentos e, chamando a esposa, entregou-lhe o menino, dizendo.
- Aqui trago mais um filho. É preciso dar-lhe um bom banho, vesti-lo com o traje real, curar-lhe as feridas e alimentá-lo bem, pois está muito fraco. Ele terá os mesmos direitos de usar o nosso nome e poderá sentar-se à nossa mesa. Receberá uma aprimorada educação e terá direito à herança.
O menino pobre foi lavado, recebeu as vestes reais, curou-se das feridas e foi introduzido na família real. A fim de que todos soubessem que era seu filho, o rei mandou fazer uma cirurgia plástica para tirar-lhe a mancha negra da testa e gravar-lhe na fronte o sobrenome da família real. Porém, fêz-lhe certas exigências:
- Serás considerado meu filho somente se fores digno do meu nome que recebestes, isto é, se te comportares como filho do rei. Caso contrário, perderás todos os direitos.
A criança cresceu usufruindo de todos os direitos e regalias que o pai lhe proporcionava. Porém, quando chegou à juventude, começou a trilhar maus caminhos. Abandonou a casa paterna e tornou-se ladrão e usuário de drogas, chegando a cometer crimes que o levaram à prisão e até a condenação à morte.
Na prisão, os prisioneiros troçavam dele, dizendo:
- Tu, o filho do rei, na prisão? Nós caímos aqui porque somos uns pobres miseráveis. Nunca tivemos quem nos ensinasse a andar pelo caminho do bem. Mas tu, que tinhas tudo o que querias, que recebestes uma óptima educação, como podes chegar a ser condenado como nós? Isto é muito vergonhoso!.
O outro filho do rei, que também fora adoptado, compadecendo-se do irmão, que tanto amava, ofereceu-se para ir para a prisão em seu lugar e de dar a sua vida por ele. O pai, que também tinha um grande amor por este filho adoptivo, deu o seu consentimento. E assim se fez: o filho do rei deu a sua vida pela do irmão. Por isso o pai o glorificou.
Esta lenda não é mais do que um símbolo da nossa história pessoal. Nesse caso, o que significam os vários personagens e os diversos elementos desta lenda?
- Deus é o rei, o Pai de toda a misericórdia, que se compadece da miséria humana.
- Cristo é o filho único do rei. Ele se ofereceu ao Pai para dar a Sua própria vida pelos seus irmãos.
- O menino pobre, somos nós que fomos salvos por Jesus.
- A mancha que a criança trazia na fronte é o pecado original com o qual nascemos manchados na alma.
-O nome que o Pai imprimiu em nós foi o nome de Cristão, que nos identifica como FILHOS DE DEUS.
-As chagas que foram curadas são os pecados pessoais daqueles que se baptizam adultos, esses são apagados pela água baptismal.
- A família que passamos a pertencer é à grande família dos filhos de Deus: A Igreja.
- A mãe que recebemos é Maria, a Mãe de Deus, Mãe da Igreja e, portanto, Nossa Mãe.
- A veste real é a veste da graça santificante, que é a vida divina, habitação da Santíssima Trindade em nós.
- O banquete que somos convidados a participar é o Banquete Eucarístico.
O Baptismo também nos dá diversos direitos:
- A recepção dos demais Sacramentos;
- A participação de todos os bens espirituais da Igreja;
- A herança de Deus, que é a vida Eterna.
Como é grande a nossa dignidade. Somos filhos e filhas do Rei e da Rainha do Universo. Assim, temos todos os direitos de filhos, especialmente a participação da natureza, da vida do próprio Deus.
Aquele, porém, era filho do Rei perante o mundo, mas em suas veias não corria sangue real, enquanto em nós, pelo Baptismo, fomos mais elevados do que Ele, pois em nossa alma e em nosso coração, circula a vida do Rei do Céu e da Terra.
Somos da Família REAL, por isso não devemos deixar-nos levar por sentimentos de inferioridade.
Eis o nosso maior tesouro: o próprio Jesus ensinou-nos a chamar Deus de Pai pela oração do "Pai Nosso". Essa oração deveria fazer pulsar com intenso amor os nossos corações de filhos de Deus.
HOJE EU DEIXO A ESCURIDÃO
E CAMINHO EM DIRECÇÃO À LUZ.
VEJO TODOS AQUELES QUE ME AMAM
E O MEU CORAÇÃO SE ALEGRA.
TERÁS SEMPRE A MINHA BENÇÃO
E ESTAREI SEMPRE CONTIGO,
ATÉ AO FIM DOS TEMPOS.
MORRI,
PARA QUE PUDESSES SER SALVO.
O MEU SANGUE SOBRE A TERRA
ILUMINOU O CAMINHO PARA O PARAÍSO.
O MEU AMOR POR TI SERÁ ETERNO.
QUE NESTA PÁSCOA,
A HUMANIDADE CONSIGA VER A VERDADEIRA LUZ,
E ASSIM CONSEGUIRÁ VIVER EM PAZ.
«Obridado, Senhor, pela tua Palavra!
Obrigado, porque esta Palavra,
pronunciada há dois mil anos, continua a ser viva e eficaz.
Reconhecemos a nossa incapacidade para a compreender e deixar viver em nós!
Ela é mais poderosa e mais forte do que as nossas debilidades,
mais eficaz do que a nossa fragilidade,
mais penetrante do que as nossas resistências.
Por isso te pedimos, que nos ilumines com a Tua Palavra,
para a tornarmos a sério e nos abrirmos àquilo que ela nos revela,
para confiarmos nela e a deixarmos actuar em nós
segundo a riqueza do seu poder»!